domingo, 12 de abril de 2009

Contexto histórico-social:

- intensificação da campanha abolicionista (1850)

- Guerra do Paraguai (1864-1870), que expandiu o pensamento republicano

- Fundação do Partido Republicano em 1870

- Decadência da Monarquia - A Lei Áurea (1888) cria uma nova realidade: o fim da mão-de-obra escrava, substituída por mão-de-obra assalariada dos imigrantes europeus.

Características:

- objetivismo

- universalismo (impessoalidade): visão universal, geral

- Materialismo

- Contemporaneidade: preocupação com o contemporâneo (o presente), deixando de lado o passado (e o nacionalismo).

- Racionalidade

- Cientificismo

- Análise psicológica e social

Temas:

- triângulos amorosos: marido traído, mulher adúltera e amante (um amigo da casa). Exemplos de Machado de Assis: Dom Casmurro (Bentinho, Capitu e Escobar), Memórias Póstumas de Brás Cubas (Lobo Neves, Virgília, Brás Cubas).

- Adultério (traição): exemplo: O Primo Basílio, de Eça de Queirós

- temas anticlericais: padres corruptos e falsas beatas. Ex: O crime do padre Amaro, de Eça de Queirós.

- temas antimonárquicos: defendiam o ideal republicano, sendo contra a monarquia. Ex: O Ateneu (Raul Pompéia), O Mulato e O Cortiço (Aluísio Azevedo)

Os autores abordam a realidade, mediante suas análises psicológicas e sociais.Realismo: voltado para a nálise psicológica, criticando a sociedade por certos atos de alguns personagens (geralmente capitalistas). Naturalismo: marcado pela análise social. Valoriza-se o coletivo.

(Jhonatan e Geisiane)

Vida do Autor:

Raul d'Ávila Pompéia nasceu em Angra dos Reis dia 12 de abril de 1863. Participou ativamente da imprensa política da época e por seu temperamento sensível e irrequieto, envolveu-se em polêmicas e situações que o deprimiram profundamente, levando ao suicídio no dia 25 de dezembro de 1895.

(Estudo da Literatura Brasileira - Douglas Tufano.)

Obras:

1880 - Uma Tragédia no Amazonas. (romance)

1883 - As Jóias da Coroa; publicado em 1962.

1888 - O Ateneu. (romance)

1900 - Canções sem Metro. (poema em prosa)

(Wikipédia - A enciclopédia livre.)

domingo, 22 de março de 2009

Resumo do Grupo

O Livro O Ateneu é como se fosse o diário de um adolescente, onde estão narradas todas as experiências vividas por Sérgio (o narrador) na época de eu internato.
Sérgio ingressou ao renomeado colégio interno masculino Ateneu aos 11 anos. Lá, vivenciou um ambiente hostil, carregado de corrupção e intrigas. Os meninos mais “fracos” eram atemorizados e assediados pelos mais “fortes”. O diretor, Aristarco, era um homem rude e arrogante, que adorava humilhar os alunos.
No colégio, Sérgio conheceu Rebelo, que o aconselhou sobre a vida no internato. Também conheceu Sanches, que o salvou de um suposto afogamento, e que muito o ajudou; mas fora obrigado a se afastar pela pressão sexual que ele o impôs.
Após isso, passou por um período místico e religioso.

Ficou amigo de Franco – um garoto rude e agressivo, frequentemente humilhado – com o qual topou fazer uma brincadeira, que consistia em jogar cacos de vidro na piscina para os outros garotos se cortarem. Arrependeu-se depois, e para sua sorte, o plano não se concretizou, pois houve a limpeza da piscina.

Com o tempo e a discreta influência de seu pai, as coisas melhoraram para Sérgio.
Fundou-se o Grêmio Literário Amor ao Saber, onde Sérgio ajudava um pouco e, assim, passava bastante tempo na biblioteca. Conheceu Bento Alves, o bibliotecário, pelo qual nutriu grande amizade e estima. Os outros garotos, percebendo essa aproximação, tramaram contra eles, fazendo Bento brigar com Malheiro e ir preso.
Termina o ano. Quando chega o ano seguinte, Bento está muito mudado. Não pode ver Sérgio que o agride, e isso faz Bento sair da escola.

Após esse fato, o diretor descobre, através de uma carta, que há no colégio um romance entre os alunos, humilhando perante todos o “casal” e seus cúmplices.

Sérgio conhece Egbert, um jovem inglês. Tornam-se muito amigos e Egbert o ajuda nas notas. Com o aparente desempenho escolar de ambos, são convidados para um jantar na casa do diretor, onde Sérgio se encanta por D. Ema, a esposa do diretor Aristarco.
A amizade entre Sérgio e Egbert esfria, e os dois se afastam ainda mais quando Sérgio passa para o dormitório dos mais velhos. Nessa fase mais adulta Sérgio tem outros interesses e outras experiências como fugas à noite, o conhecimento de uma passagem secreta para o jardim, entre outras coisas.
Franco, seu amigo do passado, morre por estar muito doente.

Sérgio pega sarampo e fica na enfermaria da escola durante o período de férias, sob os cuidados de D. Ema. Nesse período tem muitos conflitos internos: um misto de sentimento de amor e doçura com um certo erotismo.

O livro termina com o incêndio do colégio, que se acredita ter sido causado por um aluno, Américo – um garoto revoltado, que não aceitou ter sido obrigado pelo pai a ficar no internato. Ema foge. Aristarco presencia arrasado a perda de seu patrimônio.

quinta-feira, 19 de março de 2009

O Ateneu - resumo do livro didático

Raul Pompéia (1863-1895) deixou o romance O Ateneu, sua obra mais importante, novela Uma tragédia no Amazonas e Canções sem metro, poemas em prosa.
No romance O Ateneu, a ação transcorre no ambiente fechado e corrupto de um internato, onde convivem crianças, adolescentes, professores e empregados. A narração dos fatos é feita por Sérgio, um ex-aluno da escola, que recorda os anos que passou no Ateneu. O romance adquire, assim, caráter memorialista, o que é indicado pelo subtítulo: "Crônica de saudades".
O Ateneu é, portanto, um romance introspectivo, de caráter impressionista, no qual se faz a análise psicológica do sensível e frágil Sérgio, que, saindo do aconchego do lar, sente-se deslocado no ambiente agressivo e sensual do colégio, representação, em miniatura, da sociedade e do mundo: "Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta". Essas são as palavras iniciais do romance, que antecipam o caráter simbólico da escola.

Português: literatura, gramática, produção de texto: volume único /Leila Lauar Sarmento, Douglas Tufano. - São Paulo: Moderna, 2004. Página 103.

O Ateneu - (Raul Pompéia) - resumo da internet II

PERSONAGENS:
Sérgio – protagonista e narrador;
Aristarco – diretor do colégio (internato). É autoritário, egocêntrico e moralista;
Franco – sempre fora a vítima das brincadeiras de mau gosto dos outros;
Bento Alves – o misterioso e protetor;
Rabelo – o conselheiro;
Sanches - amigo, colega da classe.
Ema – mulher de Aristarco, substitui a mãe de todos os alunos;
___________________________________________________________
___________________________________________________________ Tendo por cenário um internato e por protagonizar um menino de onze anos, Sérgio, O Ateneu é tematizado pelo drama da solidão, do desajuste do indivíduo em relação ao meio.
A história é narrada em primeira pessoa pelo personagem principal, Sérgio, já adulto. Não linearmente, ele mostra os dois anos em que viveu no internato que fora obrigado a ir pelo seu pai, e que servia de metáfora para a Monarquia o qual tinha como diretor Aristarco. São narrados episódios de suas amizades, seus colegas interferindo com ele, a tensão homossexual entre os alunos do internato, a falsidade de uns, a deformação de caráter de outros e a única pessoa que lhes ajudava no internato, Dona Ema, mulher de Aristarco, por quem tinha uma paixão platônica.
Essa reconstituição compreende uma descrição expressionista de pessoas e ambientes em que o narrador desnuda cruelmente os colegas, como por exemplo, Ribas, que canta como anjos, Franco, o eterno penitente, Barreto, um colega para quem o mal eram as fêmeas e que se aproxima de Sérgio com suas idéias sobre inferno e perdição, os professores e o diretor, reduzindo-os a caricaturas grotescas, nas quais se percebe a intenção de deformar, como se Sérgio estivesse vingando-se do seu passado e de todos que faziam parte do Ateneu.
Quando a escola é incendiada no final da história por um aluno durante as férias, Ema foge. Sérgio presencia a cena pois estava convalescendo ainda na escola. Essa obra foi chamada pelo autor de “Crônica de Saudades” e ultrapassa a dimensão autobiográfica por causa de sua qualidade literária.
O Ateneu, Crônica de Saudades, estrutura-se através de “manchas de recordação”, ou seja, de uma sucessão de episódios, cujo fio condutor é a memória do personagem-narrador. Não há propriamente um enredo. Relatamos, a seguir alguns episódios:
Com onze anos, o menino Sérgio (que narra a história em primeira pessoa) entra para o “Ateneu”, famoso colégio interno dirigido pelo Dr. Aristarco Argolô de Ramos. Principia falando de Aristarco:
“um personagem que, ao primeiro exame, produzia-nos a impressão de um enfermo, desta enfermidade atroz e estranha; a obsessão da própria estátua. Como tardasse a estátua, Aristarco interinamente satisfazia-se com a influência dos estudantes ricos para seu instituto. De fato, os educandos do “Ateneu” “significavam a fina flor da mocidade brasileira”.
O pai de Sérgio, ao deixá-lo à porta do “Ateneu”, disse-lhe:
“Vais encontrar o mundo. Coragem para a luta”.
E o narrador acrescenta:
“Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico...”
Sobre os companheiros de classe, diz:
“eram cerca de vinte: uma variedade de tipos que me divertia: o Gualtério, o Nascimento, o Álvares, o Mânlio, o Almeidinha, o Mauríllio, o Negrão, o Batista Carlos, o Cruz, o Sanches e o resto, uma cambadinha indistinta, adormentados nos últimos bancos, confundidos na sombra preguiçosa do fundo de sala.”
Nos primeiros dias, Sérgio atravessa por um período de ajustamento, e conversando com o Rebelo, um veterano, este assim opina sobre os companheiros:
“Têm mais pecados na consciência que um confessor no ouvido, uma mentira em cada dente, um vicio em cada polegada de pele. Fiem-se neles... São servis, traidores, brutais, adulões. Fuja deles, fuja deles. Cheiram a corrupção, emprestam de longe. Corja de hipócritas! Imorais! Cada dia de vida tem-lhes vergonha da véspera. Mas você é criança; não digo tudo o que vale a generosa mocidade. Com eles mesmos há de aprender o que são... Os rapazes tímidos, ingênuos, sem sangue, são brandamente impelidos para o sexo da franqueza; são dominados, festejados, pervertidos como meninas ao desamparo. Quando, em segredo dos pais, pensam que o colégio é a melhor das vidas, com o acolhimento dos mais velhos, entre brejeiros e afetuosos, estão perdidos... Faça-se homem, meu amigo. Comece por não admitir protetores.”Após a fase inicial de ajustamento, Sérgio vai-se habituando à vida do internato. Interessa-se pelos estudos, graças à ajuda de Sanches. Mas o Sanches estava mal intencionado: seu plano era perverter Sérgio. E, como não consegue, passa a persegui-lo, como “vigilante” que era. O resultado é que Sérgio, de bom aluno, passa a figurar no “livro de notas”, um trágico livro em que cada professor anotava as supostas indisciplinas e que o diretor lia todos os dias perante os alunos para isso reunidos, tornando públicas as atitudes faltosas, as quais eram castigadas rigorosamente.
Sergio entra em perigosa fase de desânimo, tornando-se religioso. Nessa fase tem amizade com Franco, um pobre-diabo que vivia desprezado por todos, o figurava permanentemente no “livro de notas”. Certa vez, Franco para vingar-se dos colegas que haviam maltratado, joga cacos de vidro na piscina. (Sérgio ajuda nesta tarefa.). Felizmente as intenções maldosas de Franco são por acaso frustradas, pois houve a limpeza da piscina antes que os alunos banhassem; mas o episódio fez com que Sérgio, arrependido, deixasse a fase de “misticismo” e passasse a encarar a vida de outra maneira: conta a seu pai o que realmente era o “Ateneu” e resolve, daí por diante, tomar atitudes de pessoa independente, enfrentando inclusive a autoridade despótica e interesseira de Aristarco.
E o narrador: “esse foi o caráter que mantive, depois de tão várias oscilações.”
Nesta altura, introduz novo personagem: O Nearco, um ginasta de grande valor, que acabara de entrar para o “Ateneu”. Embora excelente nos exercícios de ginástica, foi como orador do grêmio literário do colégio que Nearco se destacou. Às reuniões desse órgão estudantil, chamado “Grêmio Amor ao Saber”, Sérgio comparecia como simples assistente. Como o grêmio possuía farta biblioteca, Sérgio começa a freqüentá-la, então que se deu um fato estranho: Freqüentando a biblioteca, Sérgio travou amizade com o Bento Alves, um aluno mais velho que trabalhava como bibliotecário. Uma amizade que logo degenerou, por força das más intenções do Bento Alves. Logo os colegas começaram a dizer piadas e a fazer comentários:
“A malignidade do Barbalho e seu grupo não dormia. Tremendo da represália do Alves, faziam pelos cantos escorraçada maledicência, digna deles”.
Certo dia, o diretor se dirigiu aos alunos:
“Tenho a alma triste, senhores. A imoralidade entrou nessa casa! Recusei-me a dar crédito, rendi-me à evidência...”.
Narra então, o diretor, um caso de “amor” entre dois alunos, inclusive faz referência a uma carta de “amor” em que um dos protagonistas convida o outro para um encontro no jardim e assina: Cândida ( o aluno se chamava Cândido)... E o diretor termina a primeira parte do discurso com a frase:
“Há mulheres no “Ateneu”, meus senhores.”
E o desfecho acontece:
“Aristarco soprou duas vezes através do bigode, inundando o espaço com um bafejo todo poderoso. E, sem exórdio: Levante-se Sr. Cândido Lima! Apresento-lhes, meus senhores, a Sra. Dona Cândida – acrescentou com ironia desanimada. Para o meio da casa! Curve-se diante dos seus colegas. Cândido era um grande menino, beiçudo, louro, de olhos verdes e maneiras difíceis de indolência e enfado. Atravessou devagar a sala, dobrando a cabeça, cobrindo o rosto com a manga, castigado pela curiosidade pública. –Levante-se, Sr. Emílio Tourinho... Este é o cúmplice, meus senhores. Tourinho era um pouco mais velho que o outro, porém mais baixo; atarracado, moreno, ventas arregaladas, sobrancelhas crespas, fazendo um só arco pela testa. Nada absolutamente conformado para galã, mas era com efeito o amante. –Venha ajoelhar-se com o companheiro. –Agora os auxiliares. E o chamado do diretor, foram deixando os lugares e postando-se de joelhos em seguimento dos principais culpados. Prostrados os doze rapazes perante Aristarco, na passagem alongada entre as cabeceiras das mesas, parecia aquilo em ritual desconhecido de noivado à espera da bênção para o casal frente. Em vez de bênção chovia a cólera.”
E prossegue o autor:
“Conduzidos pelos inspetores, saíram os doze como uma leva de convictos para o gabinete do diretor, onde deviam se literalmente seviciados, segundo a praxe da justiça de arbítrio. Consta que houve mesmo pancada de rijo.”
Sérgio teve, após o episódio com Bento Alves, um amigo “verdadeiro”, Egbert.
Tendo sido transferido para o dormitório dos maiores, Sérgio começa a viver em ambiente mais masculino. Narra os hábitos dos mais velhos, as saídas noturnas pelas janelas, etc.
Conta Sérgio o episódio da morte do colega Franco, vítima de péssima educação que havia recebido em casa e igualmente vítima dos maus-tratos sofridos no “Ateneu”.
E termina o livro com o Incêndio que destrói o “Ateneu”, incêndio, ao que se diz, “propositadamente lançado pelo Américo”, um aluno revoltado, que fora colocado à força pelo pai no internato.
Conclui o autor:
“Aqui suspende a crônica das saudades. Saudades verdadeiramente? Puras recordações, saudades talvez se ponderarmos que o tempo e a ocasião passageira dos fatos, mas sobretudo – o funeral para sempre das horas.”
http://www.jayrus.art.br/Apostilas/LiteraturaBrasileira/PreModernismo/Raul_Pompeia_O_Ateneu_resumo1.htm

O Ateneu

A história é narrada pelo personagem principal, Sérgio, já adulto, em primeira pessoa e de forma não linear. O livro inicia-se com os primeiros contatos de Sérgio com o Ateneu, colégio interno no qual o pai o matricula, ainda mesmo antes de ele ser admitido para matrícula pelo rígido diretor do estabelecimento, Aristarco. A entrada de Sérgio no Ateneu representa, para ele, a passagem para a idade adulta, por conta de seu afastamento dos pais, sobretudo dos carinhos e proteção maternos. Antes disso, cursara apenas algumas aulas em um externato familiar e tivera aulas com um preceptor.
O Ateneu era uma instituição de ensino para filhos de famílias abastadas, ainda que admitisse alguns poucos alunos pelas vias da caridade. Por isso, seus educandos representavam “a fina flor da mocidade brasileira”, recebendo alunos de diversos estados brasileiros que eram enviados à corte e ao estabelecimento de Aristarco por conta da fama do pedagogo e dos livros que este enviava a todos os cantos do país à guisa de propaganda de sua instituição. Localizava-se, segundo a narrativa, no bairro do Rio Comprido, que teve sua urbanização iniciada em 1812 e já no século XIX recebeu uma pequena leva de imigrantes ingleses, depois de ter sido usada como área de cultivo da cana de açúcar (século XVII) e café (século XVIII e XIX).
Antes de sua matrícula, Sérgio e o pai foram recebidos por Aristarco em sua residência, a qual se localizava ao lado do Ateneu. Nesta ocasião, Sérgio conhece D. Ema, a única pessoa que lhe iria tratar com candura desinteressada em seus anos no Ateneu e por quem irá nutrir uma paixão platônica. No primeiro dia de aula, Sérgio foi recebido na sala do professor, e vislumbra as diferenças na recepção dada pelo professor aos alunos, de acordo com o grau de importância de sua família. Após se despedir do pai, Sérgio sentiu-se deslocado, mas foi de imediato recomendado pelo professor, Mânlio, a um dos melhores alunos, Rebelo, que lhe deu, então, inúmeras recomendações sobre o “microcosmo” do Ateneu – e as amizades que deveria evitar, as atitudes das quais deveria se esquivar, os tipos nos quais não deveria se transformar, sobretudo recomenda-o sobre as deturpações de gênero que se observam naquela realidade de colégio interno de rapazes, aconselhando-o a ser forte e não admitir protetores. A narrativa, então, faz uma pausa para uma descrição de alguns dos primeiros colegas de classe de Sérgio, com destaque para o Sanches, o primeiro da turma, de quem Sérgio iria se aproximar mais adiante. Conheceu também outros alunos do Ateneu, como o Franco, sempre usado por Aristarco como exemplo negativo e, por conta disso, continuamente humilhado.Na primeira aula, ao ser chamado pelo professor Mânlio ao quadro, Sérgio sofreu um desmaio e é levado para a rouparia, onde vê por acaso um exemplar de folheto obsceno pertencente ao roupeiro. Depois do vexame do desmaio, começa a ser ridicularizado e assediado por Barbalho, com quem tem sua primeira briga. Ao final deste primeiro dia de aulas, Sérgio sentiu que seus ideais de camaradagem, de crescimento pelo conhecimento, de grandeza moral despertados pelos eventos que assistira antes de entrar no Ateneu dificilmente seriam aplicáveis àquela realidade. A narrativa salta para um episódio no qual Sérgio é salvo de um afogamento por Sanches – um afogamento que Sérgio suspeita ter sido provocado pelo próprio Sanches durante uma aula de natação; tal hipótese parece acertada pela proximidade que se criou a posteriori: por conta do salvamento, Sérgio sentiu-se em compromisso de gratidão com o Sanches, e se tornou muito próximo a este. Sérgio viu em Sanches um protetor e uma companhia vantajosa em termos acadêmicos, já que este último era o primeiro da classe. Com o tempo, contudo, Sanches forçou uma aproximação, insinuando-se para Sérgio, que o repeliu; isso fez com que Sanches se tornasse inimigo de Sérgio e, como vigilante que era, ele começou a usar sua ascendência como tal para prejudicar e ferir Sérgio.
O episódio com o Sanches fez com que Sérgio se tornasse de bom aluno a um dos que freqüentavam o temido “livro de notas” de Aristarco, no qual os professores anotavam as supostas indisciplinas dos alunos faltosos, as quais sempre rendiam humilhações públicas comandadas por Aristarco por ocasião das refeições. Ele converteu-se também em religioso, mas para uma espécie de religiosidade particular, mística, sem respaldo dos sacramentos católicos. Sua condição de deprimido e faltoso contumaz fez com que ele se aproximasse do Franco – uma amizade que despertou o desprezo dos inspetores e do próprio diretor. Após uma terrível traquinagem de Franco que, por sorte, não rendera frutos, Sérgio decidiu-se por se tornar independente, sobretudo depois de uma breve aproximação com o Barreto, um aluno beato para quem a religião girava em torno de um sem-número de objetos de adoração e dos castigos do inferno guardados para os pecadores – uma religiosidade que fez apagar as últimas chamas de fervor de Sérgio. Tornou-se, depois de uma visita ao pai, na qual lhe contou a “verdade” sobre o Ateneu, mais altivo e independente e, por isso, angariou a animosidade de muitos.
Chegou, então, à escola um novo aluno, o Nearco, filho de uma nobre família pernambucana e atleta valoroso, além de excelente orador, destacado no grêmio literário do colégio, chamado “Grêmio Amor ao Saber”. Nas reuniões do tal grêmio, Sérgio comparecia como simples assistente e, como a agremiação possuía farta biblioteca, Sérgio começou a freqüentá-la, travando amizade com o Bento Alves, um aluno gaúcho, mais velho que ele e que trabalhava como bibliotecário. A amizade entre os dois tornou-se imensamente íntima e próxima; Sérgio assim o permitiu, e logo a proximidade entre ele e o Bento Alves começou a gerar comentários no Ateneu. Paralelamente a estes fatos, ocorre um assassinato passional nas dependências da escola: um jardineiro mata, a facadas, um outro funcionário, por amor a uma mulher, Ângela, uma espanhola que trabalhava em casa de Aristarco e D. Ema.
Sérgio narra, então, os exames primários e a ocorrência de uma exposição artística: é o início de um novo ano, e o narrador fala dos passeios e jornadas programados por Aristarco, em especial de um jantar no Jardim Botânico no qual ficam evidenciados os maus modos de alunos e inspetores. Bento Alves, que no início do ano mostra-se amoroso com Sérgio, repentinamente voltou-se contra este e espancou-o sem maiores explicações; Sérgio reagiu e, no calor da briga, acaba por agredir também Aristarco, que surgiu a tempo de apartar os dois alunos. Curiosamente, Sérgio não é castigado pelo gesto ousado. Há, a seguir, a revelação pelo diretor da descoberta de um caso de “amor” entre dois alunos, feita a partir de uma carta encontrada por um dos inspetores na qual Cândido – que no bilhete assina como “Cândida” – aceita um convite de outro aluno, Emílio, para um encontro no jardim. Aristarco humilha-os publicamente, a eles e aos supostos cúmplices, outros alunos que conheciam o fato e não teriam denunciado ao diretor. Em seguida ao evento, alunos amotinam-se contra Silvino, um inspetor que resolveu humilhar Franco sem razão aparente, e o motim de alunos é motivo de escândalo do diretor que, no entanto, por razões econômicas – para não perder os alunos – resolveu amainar a situação, conversando mansamente com os alunos e colocando “panos quentes” no assunto.
Sérgio conquistou um amigo verdadeiro, Egbert, de origem inglesa, com quem o narrador construiu uma amizade sem interesses, com quem compartilhou o amor ao saber e arriscou-se a escrever seus primeiros versos. Com Egbert, foi também a um jantar em casa de Aristarco, por conta de terem se destacado nos estudos, e teve a oportunidade de rever D. Ema, que o reconheceu. Chegaram, então, os tempos dos exames na secretaria de Instrução Pública. À época, Sérgio já dormia no alojamento dos alunos maiores, onde viveu um ambiente mais “adulto” e, também, mais propício para novas peripécias, como a de espiar o sono do inspetor Silvino ou entrar no grupo dos que haviam criado uma passagem secreta por uma janela para o jardim de Aristarco; por conta desta passagem é que engendra uma vingança a Rômulo, que lhe espancara no passado, deixando-o do lado de fora do prédio, no jardim do diretor, sem jeito de voltar ao alojamento. Morre o amigo Franco, vítima dos maus tratos que sempre sofrera tanto em casa, quanto dos funcionários do Ateneu.Ao término do ano letivo, os alunos cotizaram-se e mandaram erigir um busto em bronze do diretor que, orgulhoso, primeiramente se sente lisonjeado com a homenagem e, posteriormente, em insensata competição com a estátua. “O Ateneu” termina com o fim da própria instituição, consumida por um incêndio que acreditam ser criminoso, causado por um aluno recém-admitido, Américo, que ali estava forçado pelo pai. Aristarco viu seu patrimônio ser dilapidado pelas chamas, enquanto Sérgio, que por dias e dias estava em casa do diretor sob os cuidados de D. Ema, que demonstrou ter imenso amor maternal pelo jovem, acompanhava a derrocada final do impassível diretor.

http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Ateneu